Disque M para matar em 3D!

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Quando soube que Disque M para matar tinha sido originalmente lançado em 3D e que a Warner remasterizou essa versão e lançou no mercado, tive que conferir o resultado, ao menos por curiosidade – ora, não é pra isso que serve uma TV 3D? A surpresa maior é que a sensação tridimensional do filme é realmente intensa e, claro, sendo Hitchcock o diretor, ela foi utilizada em prol da narrativa e não como mero artefato comercial. A imagem está perfeita. Fico imaginando como seria se Hitchcock tivesse feito outros filmes em 3D, sem dúvidas ele saberia usar a tecnologia como poucos. De qualquer forma, Disque M para matar, apesar de ter subido no meu conceito, continua sendo apenas um bom e simpático filme do mestre, cujo maior problema é o excesso de diálogos. O melhor personagem do filme, para mim, é mesmo Tony Wendice, interpretado pelo grande Ray Milland – aliás, fiquei notando: ele não é a cara de David Bowie na sua fase mais envelhecida? Putz, não parava de pensar nisso. O filme tem pelo menos um marco: foi a estreia de Grace Kelly como musa-mor de Hitch e logo depois eles fariam o melhor filme de todos os tempos.

Deus salve a piscina!

(…) Hollywood, como se sabe, tornou-se Hollywood apenas porque oferecia sol e tempo seco o ano inteiro – daí o cinema ter-se mudado de Nova York para lá em 1909 e só então ter-se tornado uma indústria. Os primeiros magnatas dos estúdios construíram as primeiras mansões da região (mansões, mesmo, com noventa ou cem quartos) e já as equiparam com piscinas. Mas, em pouco tempo, alguns de seus principais atores ficaram também tão ricos que seguiram o exemplo: Mary Pickford e Douglas Fairbanks, Pearl White, Charles Chaplin, Harold Lloyd. Os magnatas, longe de se incomodarem, acharam ótimo: cinema é fantasia e, se pudesse promover a idéia de que os astros levavam uma vida de sonho sob um sol que nunca se punha, tomando refresco pelo canudinho, isso seria bom para os negócios. Cinema era uma diversão barata e sua platéia eram as grandes massas que levavam vidas medíocres (ou seja, “normais”), às vezes passando frio e necessidades. O sonho lhes enchia a barriga, embora não garantisse o bronzeado.  (Ruy Castro; Glamour à beira da piscina; 31/7/1999)